quarta-feira, 20 de setembro de 2017

GRES UNIÃO DO PARQUE CURICICA (RIO DE JANEIRO/RJ)

Enredo 2018

“O Reino Está Nu!”


S I N O P S E

“Não é ouro nem nunca foi,
A coroa que o Rei usou,
É de lata barata,
E olhe lá… Borocochô!…”
(Marchinha – A Coroa do Rei – Haroldo Lobo, David Nasser, Odeon)

1 – O Reino está nu!
Ao alto, a visão do poder perpetuado nas flâmulas: a Coroa, símbolo do respeito maior. Dentro, um Castelo infestado por roedores e usurpadores peçonhentos. Tetos desenhados por teias, castiçais sustentam velas gastas. A visão do abandono e da sujeira escondida por debaixo do tapete. Descaso real de uma irreal Monarquia em crise. Nos corredores, a zombaria da Rainha Má e de seus Vice-Reis falidos ecoa. Repletos da soberba vivida de glórias passadas, por um Reino para o qual nada fazem.

2 – Os verdadeiros Plebeus.
Nos porões a arte para um grande carnaval. O ferro velho enverga no sentido alegórico. A madeira em desuso molda o cenário. Esculturas esquecidas ganham nova vida, enfeitando salões. De pequenos pedaços de trapos, faço as vestes. Belas fantasias alfinetadas em ateliês repletos de empenho e suor, onde artistas, moradores das coxias, pintam e bordam. Pedras gastas ganham o brilho necessário na finalização de adereços. Capas de veludo, esquecidas, viram tapetes para o desfile dos Monarcas “falsos-bacanas”.
Somos prisioneiros da ansiedade e do tempo. Fiz-me pedinte de porta em porta, de Reino em Reino: de tesouras e colas. Dos meus dízimos, por vezes, custeei tantos relicários. Nas goteiras, amparei água de beber para muitos artesãos. Zelei pela fome de muitos, em inúmeras noites de longas angústias. Bati o pó dos candelabros. Guardei a sujeira nas estranhezas. Preparei os salões para receber o ilustre baile de máscaras.

3 – As aparências enganam…
Após oito derrotas em árduas batalhas, o Reino, enfim, comemora a sua vitória “na guerra”. Fogos de artifício riscam os céus. Candelabros são acesos, cavaleiros empunham cornetas. O castelo se enche de vida. Músicos (audaciosos) soam os primeiros acordes; dançarinos (ou passistas) ensaiam passos de minueto; o banquete é servido. “Quem paga, senta-se a mesa!” – Ordena a Rainha. Nos salões o desfruto da falsa-fidalguia. Nos bastidores, o corre-corre dos Plebeus. Exaustos, os verdadeiros reis e rainhas do maior espetáculo. Baile entregue. Barriga cheia, “pé no mundo”.
“Cortem as cabeças!” – Ordena a Rainha.

4 – E segue o baile…
Minha alegria não emana com a mesma graça de sempre. A maquiagem escorrida revela o cansaço. Sujos, os sapatos cheios de graxa. O lamê não brilha como em tempos de outrora. As gravatas de bico não dispõem da mesma armação. Guizos enferrujam. Luvas gastas cobrem mãos calejadas de trabalho. O sorriso se esconde. A máscara se perde. Meus dízimos não foram pagos.
Deposto: O Bobo da Corte.
Para todos artistas, viventes do amor à arte de fazer carnaval.

Marcus Ferreira
Carnavalesco
Henrique Pessoa

Revisão Textual

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